Qual desses filmes você gostaria de ter em um Diálogos com o Cinema?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ser Mãe ...




No Ponto Cine, um dos nossos maiores objetivos é atingir as pessoas e usamos o cinema como uma ferramenta para essa meta. E novamente as pessoas saíram do cinema, com a possibilidade de mudança e transformação, mudança de seu valores e transformação dos seus pensamentos.

No último sábado, dia 21/08, o Ponto Cine promoveu o Diálogos com o Cinema com uma exibição muito especial do documentário “Luto como Mãe”, com a participação do jovem diretor Luiz Carlos Nascimento, da advogada da ONG Justiça Global, Renata Lira e das mães Elizabeth Paulino e Siley Muniz, do caso da Chacina do Via Show. As mães moram em Guadalupe e durante a sessão várias pessoas surgiram como conhecidas das quatro jovens vítimas da chacina, que aconteceu em 2003.

Com o início do debate, Luiz Carlos Nascimento experimentou a sensação de, pela segunda vez consecutiva, presenciar uma sessão lotada no Ponto Cine, e não hesitou em parabenizar aos organizadores pela criação de um espaço de tanta qualidade na Zona Norte do Rio, que agora está servindo de modelo para a criação de novas salas de cinema pela região.

Ao ser concluído com a música “Pedaço de Mim” de Chico Buarque, o filme causou certo impacto nos visitantes daquele sábado, e Elizabeth Paulino disse que pior que assistir à um filme como esse, é viver uma situação como a de Siley e dela, Siley por sua vez, muito emocionada não conseguiu conter as lágrimas.

O público quis saber de Luís Carlos o quanto a criação de “Luto Como Mãe” pode lhe fazer crescer como ser humano, e Luís disse já trabalhar com esse tipo de questionamentos sociais, onde os mais atingidos são jovens negros de comunidades mais carentes, vítimas do agonizante erro do sistema.

O Professor Paulo Assis, frequentador assíduo do Ponto Cine, disse ter se sentido incomodado pelo filme, e Elizabeth acha que muitas pessoas preferem ver o que acham bonito e agradável, e esquecem que a vida também é feita de passagens difíceis, mas necessárias, que devem ser apresentadas para a sociedade, como a proposta pelo filme, onde qualquer mãe está exposta à passar uma situação com a delas. Siley encontrou suas forças no que pode fazer pela outras pessoas, como em um certo Natal que na sua porta uma mãe pedia a sua força, já que tinha acabado de perder sua filha. Para Siley a despedida de seu filho foi o ponto de partida para que pudesse se aproximar dos amigos do jovem e se dedicar à eles, “Agora sou mãe várias vezes”.

A advogada Renata Lira, acompanha casos como esses há um bom tempo, e com coragem enfrenta as formas de negligência causadas pelo poder do Estado, destacando principalmente a visibilidade pública de crimes desse tipo, que disputam o espaço com a geléias televisivas e a incrível comoção de crimes na zona sul da cidade. A advogada não nega que ao certo não consegue nem ao menos ter o número de chacinas como a do Via Show, da Baixada, em 2005 ou a de Acari em 1990.

Para Elizabeth e Siley ser mãe é persistir, é estar na pele de outras mães, é também sentir saudades, mas principalmente, ser mãe é lutar pelo bem, pela justiça e dedicar sua vida para seu filho, estando ele fisicamente ao seu lado ou não. “Dizem que a maior dor do mundo é a do parto, mas não, a maior dor do mundo é a de perder um filho” diz Elizabeth.

Postado por Wallace Rocha

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